sábado, 28 de junho de 2014

Alforria

Chegaste amor sereno no meu cais,
Pagando à solidão minha fiança,
Trazendo bons fluídos de esperança,
Chegaste amor sereno no meu cais.
Sereno segue em frente o meu veleiro,
A deslizar em águas calmas, mansas.
Na brisa que lhe traz o marinheiro,
Sereno segue em frente o meu veleiro.
 
Edith Lobato - 10/03/14

 

terça-feira, 24 de junho de 2014

Tempo de Duração

Arte e formatação de Safira Saldanha
Quando duas almas juntas perdem o sonho,
Elas caminham para o fosso da discórdia,
E o amor que, antes, vivo fica estranho,
Vira pesadelo e a vida vira drama.
 

O amor gerado em sonho apaga a chama,
E as bocas não murmuram mais carinho.
Já não vibram os corações na mesma rama,
Pois a paixão é como o fogo que se apaga.
 

O amor de sonho a realidade traga,
Pois nascido nos meandros da atração,
Ele sucumbe quando a atração acaba,
E assim fenece como a bela e falsa-íris.
 

Edith Lobato – 23/06/14

sábado, 14 de junho de 2014

Essa Saudade

Arte e formatação de Safira Saldanha
Essa saudade que machuca minha vida,
E faz de mim o seu brinquedo preferido;
Tornando as horas e meus dias ressequido,
Qual andarilho no deserto sem guarida.


Essa saudade que se espraia dolorida,
Pelo meu ser como ladrão, quiçá bandido.
Tem nome certo, vem do amor do meu querido,
Quando se ausenta de meu lado, é sem medida.
 

Essa saudade dói demais é tão bandida!
E faz trapaça, faz pirraça, tira a calma,
E ainda por cima, sem piedade, espreme a alma.
 

Essa saudade no meu ser é qual cantiga,
Que se derrama e tão fagueira ela se espalma,
E faz chorar, também sorrir e bater palma.
 

(Edith Lobato – 17/08/13)

Confiança

Arte e formatação de Safira Saldanha
Veloz como um corisco a dor de amor,
Escava nossa alma quando a lança,
Da dúvida, incerteza, meu senhor,
Acerca o coração funesta dança.
 

Verdade que chorei, sofri de dor,
E em trevas me deitei na plúmbea escança,
Coberta pelo nada sem pudor,
Deixei-me, assim, ficar sem esperança.


Depois que degustei meu sofrimento,
Eu levantei das cinzas agourentas,
Tomei de volta a chave deste amor.
 

Assim, nesta paixão meu pensamento,
Repousa ainda vivo em cor magenta,
Até que não me queira em vosso albor.


Edith Lobato – 04/06/14

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Versos Roubados

Arte e formatação de Safira Saldanha
Escuto a canção que, gemendo, me diz,
Que o verso que faço, beleza não tem;
Que é rude, sisudo, e que chora também.
Não foi lapidado com tinta ou verniz;
É triste e, por vezes, tem sal, pó de giz.
É o grito que sai no clarão de um olhar,
Dos passos das almas na terra a vagar.
Comendo poeira, chorando suas dores;
A fome, a miséria, o desfalque, senhores!
São versos roubados nas águas do mar.
 
Edith Lobato

terça-feira, 10 de junho de 2014

Águas da Memória

Arte e formatação de Safira Saldanha
Inundam minh’alma estas águas passadas,
Que trago retidas em minhas memórias,
Algumas são odes, são cantos, são glórias;
Mas outras, somente, são penas juncadas,
Colhidas no tempo ao sabor das lufadas,
Dos ventos contrários do meu caminhar.
Lembranças que gritam, que fazem penar,
Que cortam, retalham meu ser em pedaços,
Que vestem de luto minh’alma, meus traços,
São lágrimas tristes, salgadas do mar.
 
As águas que escorrem de dia e de noite,
Nas grotas profundas do meu pensamento,
São vozes caiadas de dor, sofrimento,
Algemas de mim, meu chicote de açoite,
Que não me dão paz, muito menos acoite.
Eu luto com fé para não naufragar,
Nas águas do tempo que insistem borrar,
O riso que aflora nos lábios sem pejo,
O sonho que nasce qual água de um brejo
Com lágrimas tristes, salgadas do mar.
 
E neste retrato pintado na tela,
Eu bem sei que sou grão ilusório de sonho,
Que em meio as tormentas da vida que enfronho,
No vão da tristeza, da dor, da procela,
Ainda pressinto que a vida é tão bela.
Por isso que expurgo da face o penar,
E toda tristeza que vem me amargar.
Assim vou seguindo, cerzindo as hachuras,
Bebendo na taça do tempo as rasuras,
Das lágrimas tristes, salgadas do mar.
 
Edith Lobato – 07/11/13

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Cântico de amor

Vulcânica saudade, alada e entrelaçada,
No cais da solidão, no cimo da alvorada.
A rutilar meu ser nos trilhos da jornada,
Na ré de uma maré na qual me vejo atada.
 
Cintila brilho e cor, namora minha aurora,
Em cântico de amor, que vibra, geme e chora;
Vontade que me invade e em sonho me devora.
 
Na flor deste desejo em cada chama alada,
A luz que me seduz, suspensa em minha estrada.
 
O sabor do meu amor, no eflúvio de um agora.
 
Edith Lobato – 17/03/14
Arte e formatação de Safira Saldanha

segunda-feira, 2 de junho de 2014

Caixa de Pandora

Numa caixa de pandora,
Meus retalhos, sentimentos,
Minhas dores, meus alentos,
Minhas noites mal dormidas.
Meus pesares, minhas penas,
Os meus risos, alegrias,
Minhas poucas fantasias,
Meras ideologias,
De uma aurora já passada,
Todas elas embrulhadas,
Em palavras rabiscadas,
Numa caixa de pandora.
São palavras que guardei,
Dos meus ciclos e desejos,
Dos meus sonhos de amor,
Entre gritos soluçantes,
Sufocadas na garganta.
Foram todas bem lacradas,
Numa caixa de pandora.

(Edith Lobato – 21/06/13)
Arte e formatação de Safira Saldanha

Quero congelar o tempo

(Quero congelar o tempo),
pra poder ver se consigo,
nessa luta que persigo,
não morrer em passatempo,
contornando contratempo.
Vou viver o meu presente,
caminhando lentamente,
no compasso que eu puder.
E até quando Deus quiser,
Vou viver tão plenamente.
 
E depois quando estiver,
na cadeira de balanço,
vendo as horas em remanso,
vou feliz agradecer,
minha vida meu viver.
Eu glorificarei a Deus!
A proteção dos dias meus,
E descongelarei o tempo,
pra passar desse entretempo,
ao meu suspiro de adeus!
 
(Edith Lobato – Brasil /04/07/13)
Arte e formatação de Safira Saldanha

Ao sabor dos ventos

No podía dejarte llorar solo,
Ao sabor dos ventos que te tem à deriva.
 
Não, não pude deixar de estender-te a mão,
Quando a lua entrou em eclipse,
E te vês só na escuridão da noite,
Sentada na areia da praia.
 
Toda essa dor, há de passar,
Assim como passam as horas,
Como passam as águas,
E corre a vida no tic-tac do relógio.
 
Chora, deixa que a tempestade do teu mar,
Balouce a tua caravela ao seu bel prazer,
E que as águas lavem os destroços.
Eles precisam ser lançados ao mar,
Para purificar tuas lembranças.
 
Elas farão parte do musical da vida,
No amanhã, quando o sol nascer.
 
Edith Lobato – 01/06/14
Arte e formatação de Marsoalex

domingo, 1 de junho de 2014

Maná dos Céus

Pelos prados há flores lindas,
Lá eu sinto o poder do Pai.
Passarinhos dão boas vindas,
E em canções a manhã se esvai.
 
Água pura correndo, sai,
No recato das horas findas.
Pelos prados há flores lindas,
Lá eu sinto o poder do Pai.
 
Tanta coisa que Tu nos brindas,
Mas a gente em canseiras vai.
Nuvens brancas no céu, infindas!
Relva fresca, maná que atrai.
Pelos prados há flores lindas.
 
Edith Lobato
Arte e formatação de Safira Saldanha

Amor Proibido

Tenho um amor proibido,
Que não cala um instante.
Esse amor é tão querido
E me faz feliz bastante
 
No seu seio sou constante,
Em meu seio está contido.
Tenho um amor proibido,
Que não cala um instante.
 
Esse amor desconhecido,
É canção contagiante.
Dá-me à vida um colorido.
Mesmo sendo tão distante,
Tenho um amor proibido.
 
(Edith Lobato – 23/06/13)
Arte e formatação de Safira Saldanha

Dádiva

Descobri que uma nova estrela,
Ilumina o meu paraíso.
Tão suave em meu ser se anela
Forte a sinto e longe diviso.
 
Em seu brilho já me deslizo
E em meus dias eu quero tê-la.
Descobri que uma nova estrela
Ilumina o meu paraíso.
 
Anos-luz esperando por ela
Pra aquecer meu inverno, meu riso.
Essa luz que acena tão bela,
Na qual vejo um norte preciso,
Descobri que uma nova estrela.
 
Edith Lobato
Arte e formatação de Safira Saldanha

Ligação

“Alô, aqui quem fala é o coração!
Quero revelar meu sentimento de amor”,
Pois não aguento mais conter a emoção;
E nem tão pouco essa ardência, esse calor,
 
Que tira o tino e desatino ao seu sabor;
E até no sono me atormenta a razão.
Alô, aqui quem fala é o coração!
Quero revelar meu sentimento de amor.
 
Quando te vejo fico doida de paixão,
Pra te sentir sob meu tato sem pudor.
E se estás longe sinto que a imaginação,
Até no banho vai buscar o teu olor.
Alô, aqui quem fala é o coração!
 
Edith Lobato
Arte e formatação de Safira Saldanha