segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Falso amor

Arte de Safira Saldanha
Falso amor
 
Àquele homem que não pode ver mulher,
Seu único compromisso é com o sexo.
Usa cantada copiada, ele é sem nexo,
E faz de tudo para, sempre, aparecer.
 
Ele se acha o tal sarado e gostosão,
E até se mostra garanhão pra todas elas,
Mas a verdade é que ele é um matusquela,
Que na carteira não existe um tostão.
 
O celular que ele usa é avançando,
Tem facebook, whatsapp e até wifi
Ele faz pose, tira foto no instagram
Porque, no fundo, ele é somente um dom juan,
Que não tem crédito pra uma ligação.
 
Ele é bacana, bom de papo e cativante,
Quando lhe falam em trabalho se arrepia,
Mas se a mulher lhe der presentes, alegria,
Ela se torna a bem amada, o seu mirante.
 
Edith Lobato – 31/08/14


terça-feira, 21 de outubro de 2014

Saudades

Arte e formatação de Safira Saldanha
 

Saudades
 
Tão cheia de saudades fui dormir.
Mas te levei comigo bem juntinho.
Debaixo dos lençóis com teu carinho,
Fiquei sonhando até me sucumbir.
 
Nas incursões do sono eu prosseguir,
Te desejando mais que raro vinho,
Que a gente toma bem devagarinho,
E sente o seu sabor nos possuir.
 
Assim, por esses vales noturnais,
Andei contigo pelos roseirais,
Que achei que passeávamos no céu.
 
Mas ao nascer das horas matinais,
Saudade me açoitou, bateu demais,
Então me vi sozinha, andando ao léu.
 
Edith Lobato - 08/06/13

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Decisão

Arte e formatação de Marsoalex - RJ
Decisão
 
Que fazes tu, quando te busco em pensamento,
Quando me sinto esvair na solidão de minha dor,
Quando em minha alma dilacera um grã tormento,
Que fazes tu que não estendes sobre mim o teu amor?
 
Que faço eu nestes caminhos de lamentos?
Imersa em lágrimas sulcando este meu rosto,
Dia após dia condenada ao isolamento,
Que faço eu a ruminar este desgosto?
 
Eu me desfaço deste laço que me prende,
Que vive em mim como posseiro e senhor,
A usurpar a luz que em mim ainda ascende,
Uma ternura caminhando em meu favor.
 
Basta! Não quero mais sorver o fel desta cicuta,
Nem terminar os dias meus no calabouço,
Rendida em prantos, em tristeza absoluta,
Andando em vida como simples, mero esboço.
 
Edith Lobato – 29/07/14

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Sabor de romã

Sabor de romã
 

Compensa as horas perdidas nos meus braços.
Descansa teu ser nas sombras do meu éden,
E sobre o tecido, macio, dos véus do meu regaço,
Energiza-te na infrutescência da flor cheia de pólen.
 

Oh vem banhar-te nas águas dos rios do meu amor,
Onde os sons de Gaia serão esquecidos entre nós,
Na simbiose das almas que se fundem no dulçor,
Desta alquimia que pulsa e que escorre de nossa foz.
 

Todo este sonho lúdico sonhado em minha aurora,
Tem a textura da seda e o sabor suave de maçã.
A força dos ventos velozes que assanham a flora,
E o veludo vermelho das doces e saborosas romãs.
 

Sobre o fio do punhal que o tempo sibila,
Bebe este vinho que oferto em cálice de ouro,
Poliniza meu ser no teu ser, saboreia e destila,
Meu coração, minha alma, em tempo vindouro.
 

Edith Lobato – 29/09/14